Danna Lua Irigaray

O conjunto de obras que compõem o acervo do Museu de Arte de Goiânia apresentam uma variedade de técnicas, que se apresenta, justamente na organização do mesmo. No site da instituição, encontra-se uma detalhada categorização a partir das técnicas. Segue alguns exemplos:

Acrílica sobre Duratex;

Gravura com matriz em chapa radiografia;

Nitrocelulose e acrílica sobre papel sobre juta;

Tinta Serigráfica sobre plástico bolha;

Há também a categoria NÃO HÁ, com catorze imagens não disponíveis catalogadas.

O acervo é um substantivo que denota o significado do agrupamento de coisas que integram um certo patrimônio. O que significa que ainda que o museu seja, por definição, um espaço de acesso público e de transmissão de conhecimento (tal qual uma biblioteca), para as obras que o compõem, ele é igualmente uma casa (e cada casa pode conter em si mesma, sua biblioteca). Que no silencio de suas paredes, cada trabalho vive sua intimidade de coisa viva.

Sendo fundado em 1970, o Museu de Arte de Goiânia é morada de cerca de 700 obras que se relacionam com a história da região. Sendo eu duplamente estrangeira, pois acesso ele vinda de outro estado e também porque acesso ele de forma virtual, proponho a realização de trabalhos que dialoguem com os temas apresentados: a específica matéria que constitui uma obra; o acervo como casa; e por fim o ato de catalogar como ato de hospitalidade/hostilidade. Me inspiro ainda, no conto “O idioma analítico de John Wilkins” do escritor Jorge Luis Borges, por encontrar nele uma possibilidade de diálogo com os temas que pretendo abordar.

Os trabalhos serão desenvolvidos em fotografia, ainda que as imagens sejam construídas a partir de materiais e ações diversas, a linguagem fotográfica é canonicamente a apresentação de um catálogo, a evidência de um acervo.