Romulo Barros

Visitando virtualmente o acervo do arquivo do MAG me senti observando um lugar pelas frestas das portas, olhando pelo buraco da fechadura, da calçada da rua para dentro da casa através da janela levemente cerrada, identificando ali uma imagem cotidiana vinda de um lugar do passado. Um quarto datado com cheiro antigo. Uma sala com aroma de velas acesas em oratórios onde vivem imagens. uma cozinha com tempero rançoso. Um acervo de belas imagens, muitas disponíveis e outrora não.

Penso no mais antigo dos seres que me vem a memoria quanto a simbologia de Goiás. Um ser que me recebe com sabor exótico, estranho, acolhedor, apaixonante e sedutor, mais que ao mesmo tempo que me tem nos braços tal qual aconchegantes camas cobertas por um enxoval de retalhos. Também me apunhala o céu da boca. O suprassumo do simbólico de hospitalidade e hostilidade.

o PEQUI.

Um espécime botânico que quando frutifica é temporada de abundancia, alimenta o corpo, alimenta a si e a futura prole, um afrodisíaco de amarelo dourado tal qual o sol que quando não se sabe se comportar diante deste pode te ferir como o astro celeste que causa queimaduras.

Saborear o fruto pode ser uma experiencia de lambuzo na polpa ou um momento que para causar traumas diante de seus espinhos extremamente afiados que perfuraram as constelações ao redor do palato.

A gostosura a partir do cuidado e cautela.

A violência como resultado de um comportamento voraz

Devora-me se for capaz
Desfruta-me com paciência ou te perfuro com violência

Uma serie de cinco pinturas espinhosas e amareladas que exploram a imagética do prazer e desprazer do acolhimento. O consentir com a sua vinda ate mim quando se reverencia, e o afrontar sua presença quando me morde e me invade.