Para incendiar a Plantation 
2022 
Políptico 

Dimensões variáveis 
Registro: Junior Ribeiro

Neste ensaio reivindico pela experiência Bicha e nessa escrita encarnada o cultivo de outras ecologias do sentirpensar na constituição de um acervo no Museu de arte de  Goiânia. A coreografia pretendida pelos registros intentou uma gestualidade poética  endereçada ao ecossistema simbólico-material que não se separa dos aparatos cognitivos  e sensíveis, ainda que os mesmos se pretendam em inúmeros cercamentos em nossa  paisagem. 

Recorri a bichisse, o que pra mim está no entroncamento dessa natureza e cultura,  dialogando com a produção da artista Mauricinho Hippie, dando a ver desvios e outros  cultivos nessa monocultura, pensada a partir da plantation. Meu interesse diz da  necessidade e recrudescimento da importância e necessidade de hospitalidade das  produções relacionadas a um elenco bicha, cuír e dissidente no acervo de Museu de Arte  de Goiânia, assim como o reconhecimento de processos invariavelmente ficcionais no  que concerne o acervo, memória e patrimônio. 

Dimensionar o dentro e fora do Museu de Arte Goiânia é pensar na mata que o circunda,  é dimensionar vetores de violência nesse processo de documentação e arquivo que forjam os regimes de Visualidade e Verdade. Genealogias como Hospitalidade e Hostilidade propostas por Derrida nos serviram de lentes e lupa para dialogarmos com o acervo e dispositivos de memória, assim como, aquilo que também excede a geografia de nossa  cidade, irradiando e excedendo as dinâmicas locais e micropolíticas. 

Com foco na invenção de memória tornei figurativo aquilo que não tem nome e nem  rosto tem às corpas desviantes rotas e desvios, lócus para produção de memória dissidente em nossa cidade. 

A Bicha sou eu, o desconhecido, o estrangeiro de mim, a mata. 

Bicha Branca da Mata é artista bixa dissidente, professor e pesquisador. Seus desejos percorrem o anseio de catalisar pelo sensível outros mecanismos perceptivos, intervenções no imaginário em processos ficcional e autof(r)iccional, engajado numa práxis insubmissa autobiogeográfica, indisciplinada e multidisciplinar de atravessamento e quebra. 

Enquanto professor bicha e como pesquisador investiga metodologias indisciplinadas e propõe se numa linguagem híbrida de investigação de questões subjetivas num processo diretamente ligado ao corpo-território em seus processos de significações estético políticas. Na suas mais diversas atividades se propõem na especulação de uma outra realidade simbólica e material, na anti-direção da paisagem tomada pela agropecuária extrativista, onde a economia simbólica também responde a uma perspectiva latifundiária, coronelária e monocultural.